sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012


Pinto foi um dos ases da viola que pontificaram na noite de 5 de outubro de 1948, no Teatro de Santa Isabel, no Recife, no Congresso de Cantadores, de iniciativa de Rogaciano Leite. Este último, grande poeta e extraordinário jornalista, nasceu no sítio Cacimba Nova, hoje município de Itapetim, então pertencente a São José do Egito, tendo começado a fazer versos aos 15 anos de idade exatamente pelas mãos de Pinto.
Também participaram do Congresso — algo que chocou, na época, os chamados defensores da "arte erudita" — os três irmãos Batista (Lourival, Dimas e Otacílio), Domingos Martins da Fonseca e José Soares Sobrinho.
Relata Coutinho Filho que Lourival cantou com Pinto para uma grande platéia, que lotou o teatro, surpresa com aquela forma de fazer versos. Lourival Batista, entusiasmado com os aplausos, fez de improviso esta sextilha:

A cantoria vai boa

E os versos são colossais... 

Nesse instante, aproxima-se um fotógrafo, que, de cócoras, bate uma foto dos dois violeiros. E Lourival continuou:

Pinto, aí da tua banda

Acocorou-se um rapaz

Assim nessa posição

Eu não sei o que ele faz

Pinto aproveitou a "deixa" do colega e completou:

Chegou ali o rapaz

Começou a se bulir

Focou na cara da gente

E eu vi a luz explodir

Pensei até que era um bicho

Que nos quisesse engolir. 

Lourival, imediatamente descreveu o resto da estória em versos: 

Pinto, eu não sei distinguir 

Se ele é da praça ou da aldeia 

Pois quando se acocorou 

Meu sangue tremeu na vei

A foto pode ser boa

Mas a posição foi feia.

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