sábado, 24 de agosto de 2013



Sertão do agricultor
Do vaqueiro aboiador
Do cavalo corredor
Do broque feito no toco
Dos mutirões no plantio
Das vazantes no baixio
Das enxurradas no rio
É esse o sertão caboco.

Sertão do touro valente
Do galo que acorda a gente
Do jegue quase dormente
E do gato dorminhoco
Da rabeca e berimbau
Do cambito e do jirau
Da cuia e colher-de-pau
É esse o sertão caboco.

Sertão da lua mais clara
Da cerca de arame e vara
Dos garranchos da coivara
E da arranca de toco
Mosquito e formiga preta
Caçuá e ancoreta
Da pimenta malagueta
É esse o sertão caboco.

Sertão de anu e xexéu
De mãe da lua e tetéu
Marimbondo de chapéu
E de caboré de oco
Da galinha carijó
Do carão, do curió
Da marreca e do socó
É esse o sertão caboco.

Sertão da abelha cupira
Da jati e jandaíra
Moça branca que se tira
De dentro de um pau oco
De enxuí e enxu
Arapuá e uruçu
Mangangá e capuxu
É esse o sertão caboco.

Sertão do show forrozeiro
Com sanfona e com pandeiro
Trianguista e zabumbeiro
De embolador de coco
De poeta inteligente
Que canta encantando a gente
Com verso, rima e repente
É esse o sertão caboco.

Autor: Zé Bezerra

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