terça-feira, 30 de julho de 2013
Cabra macho do sertão
Vou contá uma estória,
muito tempo assuscedida,
lá nas brenha de Petróvia,
cidadezinha esquecida,
onde o vento faz a curva,
o sol tem reima c’a chuva,
e o carcará é comida.
Pois foi lá que assuscedeu,
lá nos idos de quarenta,
que um tal de Zébedeu,
soltô fogo pelas venta
e fumaça por de trás,
e dixe que era capaz
de lambê pé de pimenta
e fôia de cançanção
cum urtiga de vaqueiro;
pegá cobra com a mão,
comprá pinga sem dinheiro,
se impanziná de feijão
e depois soltá rojão,
sem niguém sentí o cheiro.
Êita que cabra zangado!
Fobava mil valentia:
Mais de dez tinha capado
só d’uma noite pro dia;
Emprenhô tanta barriga,
que nenhuma rapariga
ficou de de pança vazia.
Dos marido, tinha dó,
tanta era a sua beleza,
que foi herdada da vó
muié de muitcha nobreza.
Quande êle aparecia,
as mulé tudo se abria,
feito galinha na mesa!
De contá suas vantage,
num parava por aí...
Adispois de vadiage
no sertão do Piauí,
comeu pequi com caroço,
e quando soltou o trôço,
matô dois peba e um quatí.
Foi na briga, nem se fala!
Tem uma mira certêra.
Faz dez buraco de bala,
sem tirá da cartuchêra.
Cabôco metido à macho,
acaba perdendo os cacho
nos gome de sua peixêra.
Mas cuma todo Sansão
tem lá as sua fraqueza...
Pois né que o fío do cão,
de tanto arrotá grandeza,
foi cumê pé de tatu,
com rabo de catitu,
nas banda de Fortaleza;
a cumida era reimosa,
e tinha lá seus efeito:
Espinho virava rosa,
macho criava trejeito;
tombém dava caganêra,
discunjutava as cadêra
vertia leite dos peito.
Coitado do Zébedeu,
cumeçô a falá fino,
os dicumento enculheu,
que nem cuião de minino.
Inventô um rebolado,
vestiu vestido cintado,
mudêlo bem fimino.
Se arrefeceu da macheza,
sua munheca caiu...
Já num tem tanta certeza
se foi parido, ou pariu.
Hoje veve nas esquina,
diz que tem peito e valgina,
e comi chão no xibiu.
Se no final dessa estória,
alguém não se convenceu,
existe um trem pra Petróvia
cheio de roda e pneu.
Quem quisé cumê tatu
cum rabo de catitu,
Vá atrás do Zébedeu!
muito tempo assuscedida,
lá nas brenha de Petróvia,
cidadezinha esquecida,
onde o vento faz a curva,
o sol tem reima c’a chuva,
e o carcará é comida.
Pois foi lá que assuscedeu,
lá nos idos de quarenta,
que um tal de Zébedeu,
soltô fogo pelas venta
e fumaça por de trás,
e dixe que era capaz
de lambê pé de pimenta
e fôia de cançanção
cum urtiga de vaqueiro;
pegá cobra com a mão,
comprá pinga sem dinheiro,
se impanziná de feijão
e depois soltá rojão,
sem niguém sentí o cheiro.
Êita que cabra zangado!
Fobava mil valentia:
Mais de dez tinha capado
só d’uma noite pro dia;
Emprenhô tanta barriga,
que nenhuma rapariga
ficou de de pança vazia.
Dos marido, tinha dó,
tanta era a sua beleza,
que foi herdada da vó
muié de muitcha nobreza.
Quande êle aparecia,
as mulé tudo se abria,
feito galinha na mesa!
De contá suas vantage,
num parava por aí...
Adispois de vadiage
no sertão do Piauí,
comeu pequi com caroço,
e quando soltou o trôço,
matô dois peba e um quatí.
Foi na briga, nem se fala!
Tem uma mira certêra.
Faz dez buraco de bala,
sem tirá da cartuchêra.
Cabôco metido à macho,
acaba perdendo os cacho
nos gome de sua peixêra.
Mas cuma todo Sansão
tem lá as sua fraqueza...
Pois né que o fío do cão,
de tanto arrotá grandeza,
foi cumê pé de tatu,
com rabo de catitu,
nas banda de Fortaleza;
a cumida era reimosa,
e tinha lá seus efeito:
Espinho virava rosa,
macho criava trejeito;
tombém dava caganêra,
discunjutava as cadêra
vertia leite dos peito.
Coitado do Zébedeu,
cumeçô a falá fino,
os dicumento enculheu,
que nem cuião de minino.
Inventô um rebolado,
vestiu vestido cintado,
mudêlo bem fimino.
Se arrefeceu da macheza,
sua munheca caiu...
Já num tem tanta certeza
se foi parido, ou pariu.
Hoje veve nas esquina,
diz que tem peito e valgina,
e comi chão no xibiu.
Se no final dessa estória,
alguém não se convenceu,
existe um trem pra Petróvia
cheio de roda e pneu.
Quem quisé cumê tatu
cum rabo de catitu,
Vá atrás do Zébedeu!
Herculano Alencar
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