Silver Wild, o Roxão
A fama de Roxão já está mais do que consolidada nas páginas dos esportes equestres. Entretanto, para que sua reputação chegasse ao que é hoje, foi necessária quase uma década de investimentos, treinamento e principalmente crença no futuro sucesso deste cavalo. Foi o que o proprietário, o empresário, competidor e criador Jonatas Dantas, fez. Acreditou que este animal tordilho pudesse fazer o que nenhum outro já tinha feito na vaquejada brasileira.
Antes de Roxão, a vaquejada era um esporte que não possuía garanhões campeões que reproduzissem a genética que valorizasse o esporte. Os animais que competiam eram todos castrados por uma questão de cuidado e comodidade. “Durante as viagens para as competições, os cavalos ficavam soltos nos piquetes, o que nos obrigavam a castrá-los”, conta Jonatas Dantas.
Jonatas Dantas era um competidor apaixonado de vaquejada quando viu Roxão pela primeira vez correndo em Alagoas com o vaqueiro Genildo Formiga. “Observando-lhe competir, percebi que ele tinha um futuro brilhante na vaquejada e, mais do que isso, gostaria de levar sua genética de um campeão para outras gerações, o que ainda não tinha sido feito na vaquejada”, lembra. Foi o que decidiu a partir de sua compra, além de continuar treinando para vencer em todo o Brasil.
José Iran, do Ceará, famoso vaqueiro, foi um dos primeiros a montar na lenda da vaquejada. Quando Roxão tinha pouco mais de três anos e meio de idade, em 1997, conseguiu ótimas colocações do Campeonato de Vaquejada, em Lagarto (SE), e levou para casa um automóvel como Campeão dos Campeões. “Somente ao observar, já era possível ver o diferencial do Roxão, porém, competindo não ti-nha como não pensar no seu futuro como campeão de vaquejada”, lembra o vaqueiro Iran.
Foi então que, anos atrás, Jonatas Dantas comprou Roxão e, unindo ao treinamento e competições, passou a investir na infraestrutura para criar seus cavalos de vaquejada. “Montei o primeiro caminhão, com uma estrutura de baias para que eles não ficassem soltos e saltassem nos piquetes. Assim, poderia manter o meu objetivo de não castrá-lo enquanto o mantivesse nas competições”, acrescenta Dantas.
Com Jonatas Dantas como pro-prietário, o primeiro prêmio que Roxão levou para casa foi em Itabuna (BA), com o vaqueiro Bibi no comando. A partir disso, somente os melhores vaqueiros do Brasil montaram no cavalo, como João Batista Cabral, da Paraíba, Pedro Bó, de Sergipe, Marcos Mocotó, de Minas Gerais, José Iran, do Ceará, Everaldo, do Rio Grande de Norte, além do próprio proprietário, Jonatas Dantas, cuja química entre ambos - cavalo e montador - era indiscutível.
Durante apenas três anos de competições, Roxão construiu uma vasta lista de prêmios e consequen-temente uma forte reputação. Entre os mais importantes está o I Circuito Nacional Matruz com Leite, em Caruaru (PE), o qual competindo com Marcos Mocotó e Pedro Bó, Roxão deu a chance aos seus competidores de levar uma F250 zero-quilômetro para casa. “Este é um dos motivos que nos levam a admirar este cavalo. Foi com ele que consegui o maior prêmio, além de ser respeitado nesse esporte tão importante para nós, vaqueiros”, conta o já tradicional vaqueiro mineiro Marcos Mocotó.
Roxão foi ganhador de onze automóveis nos maiores campeonatos de vaquejada do Brasil. Entre eles, está o Campeonato Nacional de Vaquejada, Circuito Ford, em João Pessoa (PB), no qual ganhou uma caminhonete Ford Ranger com o vaqueiro Pedro Bó. No Circuito Semente da Terra, ganhou dois automóveis zero-quilômetro com José Iran. Roxão também foi campeão no Parque Padre Cícero, em Juazeiro do Norte (CE), levando para casa um automóvel zero-quilômetro com João Batista no comando, no Parque Zezé Rocha, em Garanhus (PE), e no Parque Meridional, também em Garanhus.
Família de peso
O Roxão ganhou fama por ser o primeiro campeão de vaquejada não castrado da história brasileira. A decisão por se focar, desta vez, ape-nas na produção veio com o sonho de seu proprietário de transformá-lo no primeiro campeão de vaquejada a produzir filhos também campeões.
“Roxão ganhou tantos prêmios em um curto espaço de tempo que fez com que, em 2003, cada cobertura sua valesse R$ 10 mil”, lembra o vaqueiro José Iran da Silva. Foi então que, no final do Campeonato Nacional Chevrolet de Vaquejada, em Campina Grande (PB), Jonatas Dantas concluiu que era a hora de parar com as competições.
Por ter sido o pioneiro na competição e reprodução, o garanhão Roxão ganhou fama também pela sua primeira geração. Já na estreia, obteve resultados positivos. Seus quatro filhos estrearam no V Potro do Futuro de Vaquejada da Associação Brasileira dos Criadores de Quarto de Milha, em 2007. Guerreiro Wild (com Espuma do Mar) foi finalista da ca-tegoria Aberta, Calaco Doc Silver AD (com Calaco Dry Doc) foi Reservada Campeã na categoria Aberta como esteira e Special Silver AD (com Kind Special HC) e Doc’s Silver Dash AD (com Doc’s Jane Jav) foram Reservados Campeões também na categoria Aberta, mas como Puxadores.
“Entre seus filhos, hoje, indubitavelmente, o que mais se destaca é o Special Silver, ganhador de vários prêmios. Ele chegou a ser comercializado com o maior valor de venda de cavalo filho de produtor de vaquejada. Special foi vendido por R$ 350 mil, do Haras Santa Maria para o Haras Fazenda Bonsucesso, de Pernambuco”, conta o orgulhoso Jonatas Dantas, concluindo que seu investimento deu mais do que certo. Motivo de maior orgulho é, ainda, quando se contabiliza em reais o recorde de Roxão: ele foi o primeiro cavalo de vaquejada a ter suas cotas de coberturas cotizadas em R$ 1 milhão. E mais, seus filhos já somam mais de R$ 3 milhões na venda em leilões de Quarto de Milha.
Perguntando a quem mais entende de vaquejada sobre a prole de Roxão, a resposta é rápida e incisiva. “É impressionante como a genética de Roxão se tornou em sinônimo de prêmios. O vaqueiro pode correr com qualquer membro desta família que ele levará para casa grandes prêmios pela sua valentia e coragem, herdada de Roxão”, comprova o vaqueiro Marcos Mocotó. João Batista Cabral, outro vaqueiro de grande renome, afirma a relevância da presença de Roxão na genealogia dos Quarto de Milha. “Seus produtos hoje estão honrando o nome de seu pai nas pistas, correndo e vencendo”, conclui João Batista.
Fãs dessa genética devem esperar ansiosamente por este ano, já que a segunda geração do Roxão deve estreiar com números maiores em competições já no segundo semestre.
Líder da “Revolução da Vaquejada”
Apaixonados pela vaquejada afirmam que a presença do Roxão foi essencial para a valorização do esporte. Como ele foi o primeiro competidor e reprodutor, outros criadores passaram a seguir o exemplo, investindo também energeticamente na genética de vaquejada, melhorando a prática esportiva.
“Quando Jonatas Dantas começou a treinar e levar o Roxão, a infraestrutura e as premiações, que antes eram defasadas, melhoraram explosivamente”, lembra o vaqueiro João Batista . Assim, o esporte passou a atrair um número de competidores expressivo levando a um círculo vicioso positivo.
Segundo o seu proprietário, além dessas justificativas, o Roxão foi responsável pela chamada “vaquejada e criação”. “Como todos sabem, a vaquejada é um dos únicos esportes genuinamente brasileiros e aumentar o prestígio deste é de extrema importância para a valorização da raça e cultura brasileira”, diz Dantas.
Roxão é referência para o Quarto de Milha brasileiro, pois se apresentou em todo o país, mostrando seu talento juntamente com os diversos montadores mais experientes. João Batista Cabral e outros vaqueiros entrevistados confirmaram a diferença do esporte sem Roxão. “Sinto muita falta desde que Roxão deixou de competir, pois qualidade e valentia como as dele dificilmente são encontradas no nosso esporte”, afirma João Batista.
Quando o nome de Roxão é mencionado dentro do conceito de “Revolução da Vaquejada”, ou seja, as modificações de infraestrutura da prática equestre, o criador Jonatas Dantas afirma estar satisfeito por tantas pessoas acreditarem nesta genética. “Este deve ser o maior presente que Deus pode dar àquele que investe no que acredita. No meu caso, nos cavalos e na vaquejada”, conclui Jonatas Dantas.
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