segunda-feira, 8 de julho de 2013


POETA VARZEANO

ALÍPIO TAVARES

O poeta popular e violeiro Alípio Tavares de Souza nasceu a 14 de agosto de 1913, no Sítio Pau do Jucá, à época, parte integrante do município de Santana do Matos e atualmente, pertencente a Ipanguaçu.

Alípio Tavares foi um dos mais brejeiros e espirituosos poetas da Região. Radicou-se em Assu durante muitos anos e tornou-se famoso por sua verve espontânea. Seu livro de ABC foi à literatura de cordel, através da qual enriqueceu seu vocabulário de exímio repentista e cantador. Desde moço fez parelhas com cantadores célebres. Entrou em pelejas não temendo jamais o mote nem o companheiro.

Certo dia foi chamado para cantar com Chico Melquíades em uma fazenda em Ipanguaçu. A festa estava muito animada. Viola em punho, entre martelos e galopes, cantavam os grandes repentistas quando, lá pras tantas, caiu no meio do salão uma lagartixa. Alípio saiu-se com estes versos:

- Valha-me, Nossa Senhora! 
Caiu uma lagartixa,
Senhora dona da casa,
Pegue um pau, mate esta bicha
É carne que não se come,
É couro que não se espicha.

Melquíades, que não lhe ficava atrás em verve e ousadia, acrescentou entre aplausos:

- Caiu uma lagartixa,
Ligeira como uma flecha.
Subiu na perna da moça
À procura de uma brecha...

Já antevendo o desfecho dos versos, o capataz da Fazenda agrediu o cantador com tamborete, acabando assim a cantoria, para desgosto dos entusiasmados presentes.

Outra vez, Alípio Tavares apareceu na casa do saudoso Nelson Montenegro, já sob os efeitos da Pitú, e solicitou à Dona Maria Eugênia uns trocados. Naquele tempo ela lhe deu uma nota de mil, que trazia a figura do navegador português Pedro Álvares Cabral. Alípio, muito satisfeito, agradeceu na hora:

- Foi uma felicidade
Essa comadre gentil.
Quando menos esperava,
Me deu uma nota de mil.
Fez bem Pedro Cabral
Ter descoberto o Brasil.

Alípio Tavares, foi um dos valores culturais que o Assu e Região não se preocupou em valorizar. Coisas de cidades possuidoras de muitas potencialidades. Coisas de quem tem muito e termina com pouco, muitas vezes sem nada.

Em tempo: Alguém tem uma foto do poeta Alípio Tavares? Tenho outras "perolas" que gostaria de publicar ilustradas com a fotografia do vate ipanguaçuense. 

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