DOIS POEMAS BRASILEIROS DEDICADOS A ANTÓNIO NOBRE
A ANTÓNIO NOBRE
Petrópolis, 3-2-1916
TU QUE PENASTE tanto e em cujo canto
Há a ingenuidade santa do menino;
Que amaste os choupos, o dobrar do sino,
E cujo pranto fez correr o pranto:
Há a ingenuidade santa do menino;
Que amaste os choupos, o dobrar do sino,
E cujo pranto fez correr o pranto:
Com que magoado olhar, magoado espanto
Revejo em teu destino o meu destino !
Essa dor de tossir bebendo o ar fino,
A esmorecer e deejando tanto ...
Revejo em teu destino o meu destino !
Essa dor de tossir bebendo o ar fino,
A esmorecer e deejando tanto ...
Mas tu dormiste em paz como as crianças,
Sorriu a Glória às tuas esperanças
E beijou-te na boca ... O lindo som !
Sorriu a Glória às tuas esperanças
E beijou-te na boca ... O lindo som !
Quem me dará o beijo que cobiço ?
Foste conde aos vinte anos ... Eu, nem isso ...
Eu, não terei a Glória ... nem fui bom.
Foste conde aos vinte anos ... Eu, nem isso ...
Eu, não terei a Glória ... nem fui bom.
Manuel Bandeira
( A Cinza das Horas, 1917)
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