segunda-feira, 4 de março de 2013

                     DOIS  POEMAS  BRASILEIROS DEDICADOS                                           A    ANTÓNIO  NOBRE

                  A ANTÓNIO  NOBRE
                   Petrópolis, 3-2-1916
 TU QUE PENASTE tanto e em cujo canto
Há a ingenuidade santa do menino;
Que amaste os choupos, o dobrar do sino,
E cujo pranto fez correr o pranto: 
Com que magoado olhar, magoado espanto
Revejo em teu destino o meu destino !
Essa dor de tossir bebendo o ar fino,
A esmorecer e deejando tanto ...  
Mas tu dormiste em paz como as crianças,
Sorriu a Glória às tuas esperanças
E beijou-te na boca ... O lindo som ! 
Quem me dará o beijo que cobiço ?
Foste conde aos vinte anos ... Eu, nem isso ...
Eu, não terei a Glória ... nem fui bom.  
                                           Manuel Bandeira
                                          ( A Cinza das Horas, 1917)
  
                          

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