A Herança de minha vó
Herança de minha vó
Autor: Cazuza Rufino – Belmonte-Pe
Eu
vou contar uma herança
De
uma vó para um neto
De
um casal bem unido
Ambos
eram muito retos
eu como fui o herdeiro
eu como fui o herdeiro
Sou
dono dos objetos
Minha vó adoeceu
Primeiro
fez testamento
Que
de seu apartamento
O
herdeiro só era eu
Logo
em vida ela me deu
Um
tacho velho furado
Um
abano remendado
E
um mulambo velho de cesto
Uma
barrica sem texto
E
um cuscuzeiro furado
Ela
deixou uma cadeira
Com
três pernas arrancadas
Uma
casa velha escorada
Sem
ter uma telha inteira
A
asa de uma chaleira
E
a chave velha da porta
Além
de tá velha e torta
Enferrujada
e demente
Eu
fiquei muito contente
Quando
vi a velha morta
Herdei
um pé de macuca
Três
espinhos de “quandú” (porco-espnmho)
O
bucho de um caititu
E dois
limões em uma cumbuca
E
mais um torrão de açúcar
Que
de velho açucarou
E
mais que ela deixou
O
beijo de um jereré
Um
moinho e um coité
E
dois ovos de jaburu
Herdei
mais um panicum(lençol amarrado que formava uma rede)
Que
criou-se o velho dentro
Herdei
3 pés de coentro
De
prato só herdei um
A
banda de um jerimum
E
um brinquinho de latão
Herdei
uma mão de pilão
Dois
birros e 4 alfinetes
Uma
agulha e 2 colchetes
E
uma cueca velha sem botão
Ainda
se encontrou
Quatro
galhos de marcela
Os
beiços de uma gamela
Tudo
para mim ficou
O
mais que ela deixou
Um
cinto cheio de nó
Herdei
mais um “urinó”
Furado
e catingoso
Era
um trastes mimoso
Da
finada minha vó
Herdei
um quartal famoso
Que
só nele falarei
Nunca
negociarei
Por
ser muito opinioso
Era
um cavalo famoso
Desta
forma que lhe digo
Nunca
caiu em perigo
Nunca
cansou de viagem
Era
anima de coragem
E
tinha bons sinais consigo
No
queixo tinha um inchaço
Três
bicheiras nas orelhas
Um
jerimum na sarnelha
E
quatro lubim no cachaço
Duas
bexiga no espinhaço
E
um nó no chambaril
Era
nasco dum quadril
Pardo
da vista morena
Cego
da gota serena
Não
podia desistir
Tinha
um corredor triado
Coberto
do arestin
Não
comia mais capim
Os
dentes tudo arrancado
Tinha
os cascos rebitados
Sem
poder tocar no chão
Na
experiência do Galvão
Era
rei dos animais
E
pra completar os sinais
Quatro
pram nas duas mão
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