sábado, 30 de março de 2013



COMPLETAR CINQUENTA ANOS
JÁ ESTAVA EM MEUS PLANOS
MEIO SÉCULO ULTRAPASSAR
DIGO ISSO E FALO A ESMO
HOMENAGIO A MIM MESMO
PARA NA VIDA CONTINUAR
QUE MEU DEUS COM PROVIDÊNCIA
A MIM MANTENHA A DECÊNCIA
PARA OS MEUS EU PODER OLHAR

quinta-feira, 28 de março de 2013

BRIGA NA PROCISSÃO

Autor: Chico Pedrosa
Quando Palmeira das Antas,
Pertencia ao capitão
Justino Bento da Cruz,
Nunca faltou diversão,
Vaquejada, cantoria,
Procissão e romaria,
Sexta-feira da paixão.

Na quinta-feira maior,
No salão paroquial,
Dona Maria das Dores
Reunia os moradores,
Logo após uma pré-seleção
Ao lado do capitão,
Escalava-se a seleção
De atrizes e atores.

O papel de cada um,
O capitão escolhia.
A roupa e a maquiagem,
Eram com dona Maria.
O resto era discutido,
aprovado e resolvido
Na sala da sacristia.

Todo ano tinha um Jesus,
Um Caifaz e um Pilatus.
Só não mudavam a cruz,
O verdugo e os maus-tratos.
O Jesus daquele ano,
Foi o Quincas beija-flor,
Caifaz foi o Cipriano,
Pilatos, o Nicanor.

Duas cordas paralelas,
Separavam a multidão,
Pra que pudesse entre elas
Caminhar a procissão.
Cristo conduzindo a cruz,
Foi, não foi, advertia
Ao centurião perverso
Que com força lhe batia.

Era pra bater maneiro,
Mas ele não entendia,
Devido ao grande pifão
Que bebeu naquele dia,
Do vinho que o capelão
Guardava na sacristia.

Cristo dizia:- Ô rapaz,
Vê se bate devagar,
Já to todo encalombado,
Assim não vou agüentar.
Tá com a gota pra doer,
Ô tu para de bater,
Ô a gente vai brigar

Jogo já essa cruz fora,
Tô ficando revoltado,
Vou morrer antes da hora
De ficar crucificado.

O pior era que o malvado
Fingia que não ouvia,
Além de bater com força,
Ainda se divertia,
Espiava pra Jesus,
Fazia pouco e dizia:

-Que cristo frouxo é você,
Que chora na procissão?
Jesus, pelo que se sabe,
Num era mole assim não!

Eu to batendo com pena,
Tu vai ver o que é bom
Na subida da ladeira
Da venda de Finelon,
O couro vai ser dobrado,
Daqui até o mercado
A cuíca muda o som!

Naquele momento,
Ouviu-se um grito da multidão.
Era Quincas que, com raiva,
Sacudiu a cruz no chão,
E partiu feito maluco
Pra cima de Bastião.

Se travaram no tabefe,
Pontapé e cabeçada...
Madalena levou queda,
Pilatus levou pancada,
Deram um bufete emCaifaz,
Que até hoje não faz
Nem sente gosto de nada.

Desmancharam a procissão,
O cacete foi pesado,
São Tomé levou um tranco
Que ficou desacordado,
Acertaram um cocorote
Na careca de Timote
Que até hoje é aluado.

Até mesmo São José,
Que não é de confusão,
Na ânsia de defender
O filho de criação,
Aproveitou a garapa
Pra dar um monte de tapa
Na cara do bom ladrão.

A briga só terminou
Quando o doutor delegado
Interviu e separou
Cada santo pro seu lado.
Desde que o mundo se fez,
Foi essa a primeira vez
Que cristo foi pro xadrez,
Mas não foi crucificado.

quarta-feira, 27 de março de 2013

de março de 2013

AINDA CHOVE NO MEU SERTÃO

Valei-me são Benedito
Me ajude frei Damião
Interceda Nossa Senhora
A Jesus pelo sertão
Que de seco tá cinzento
Triste e sedento
Sem chuvas nesse chão
 
 
 

O mês de janeiro passou
Mês de fevereiro também
Março tá terminando
E as chuvas não vem
Sertanejo olha desolado
Rezando desconsolado
para os santos do além
 
 

Num último apelo ele reza
Porque não aguenta mais
Reza com muita devoção
E escumunga o satanás
Dizendo "Sai daqui coisa ruim
Pois a seca vai ter fim
A chuva é Jesus que trás"
 
 

A caatinga ta poeirenta
Por dias e dias sem chover
Sabiá não canta mais
Seriema ninguém ver
De verde só o juazeiro
Que imponente no tabuleiro
Fáz sombra até anoitecer 
 
 
 

Dia de São José
19 de março passou
E para ele rezo com fé 
Padroeiro do agricultor
Todo dia que Deus me dar
Peço ao santo pra acabar
 Com essa seca e esse clamor 
 
 
 

Ainda vai chover padim
Pra molhar nosso chão
Acredito no Deus Pai
Que nunca nos deixou na mão
No final de março ou em abril
Chove no nordeste do Brasil
Acabando a devastação
 
 

Alguns se revoltam contra Deus
Outros rezam com fervor
Mais eu digo a vocês
Acreditem em nosso Senhor
Pois Nele eu confio
Deus só dar o frio
Conforme o cobertor
 
 

Ainda esse ano iremos ver
O gado murgir de alegria
Pela chuva vinda do nascente
Trazida pela ventania
Sapo vai fazer festa
Nos rios da floresta
Até o amanhecer do dia
Galo de campina vai cantar 
O bode no terreiro pular
Se cumprindo a profecia
De um velho agricultor
Que pra o nascente olhou
E disse que a chuva caia
                      Texto: Jatão Vaqueiro

Bom para cachorro

Foto
Nos anos 1960, o chanceler Vasco Leitão da Cunha aproveitou e concedeu uma entrevista a caminho do aeroporto de Brasília, no carro oficial. No caminho, um cachorro atravessou a pista, o motorista fez uma manobra brusca, o carrão derrapou, e por muito pouco não houve um acidente grave. Passado o susto, ele respirou fundo e advertiu o pálido motorista, diplomaticamente:
- Meu caro Josias. Tenha sempre bom o seu coração, mas nunca esqueça de acionar o bom cérebro. Se tivesse acontecido o pior, imagine a manchete, amanhã: “Motorista mata ministro para salvar um cachorro”...
GOSTAVA DE RAPARIGA
O MEU AMIGO GALDINO
DIGO E NÃO ARREDO DAQUI
QUE O MEU MANO JOSMIR
DELE NÃO TIRAVA FINO

terça-feira, 26 de março de 2013

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SER POETA, SER VAQUEIRO
É TER DO CAMPO A IMAGEM
SER O ESPÍRITO SELVAGEM
QUE PERCORRE O TABOLEIRO
MINHA ROUPA TRAZ O CHEIRO
DA CLOROFILA E DA FLOR
FAÇO SEXO POR AMOR
COM A DONA DO MEU DESTINO
SOU VAQUEIRO NORDESTINO
POETA E NAMORADOR. 
vaqueiropegaboi3
NAMORO AS FLORES DO MATO,
A FACE DA LUA PÁLIDA,
CAMPEIO NA TARDE CÁLIDA,
NAS VEREDAS DO REGATO
VEJO DE DEUS O RETRATO
NA HORA DO SOL SE POR,
SOU DO REBANHO O PASTOR
SOM DE VIOLA É MEU HINO
SOU VAQUEIRO NORDESTINO
POETA E NAMORADOR.
SOU DA MULHER GUARDIÃO
DA VIOLA UM FÃ ETERNO
SOU UM BOÊMIO MODERNO
DO SONETO E DA CANÇÃO
SOU A PURA INSPIRAÇÃO
PRA O MAIS DOCE CANTADOR
CANTANDO EU SOU SONHADOR
PRA GADO SOU TANGERINO
SOU VAQUEIRO NORDESTINO
POETA E NAMORADOR.
Poeta – Onildo barbosa
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                        VAQUEIRO VELHO ROENDO


GLOSAS EM MOTE DO POETA LUCIANO LEONEL

GLOSAS EM MOTE DO POETA LUCIANO LEONEL

Eleitor cabra burro quando vota
Dá poder por aí pra um safado
Não procura saber do seu passado
E por isso na hora nunca nota
E o sujeito de cima faz chacota
Em Brasília conchavos de montão
Arrumando um jeito mete a mão
Quem mandou tu votar num indecente?
O Brasil está podre atualmente
E a politica é quem causa a podridão



Está pobre e tão pobre de cultura
Escolhendo os piores dos mandões
Estes porcos canalhas rufiões
Que na hora de ver só impostura
Podridão do poder uma tronchura
Eleitor enganado em eleição
Mas é ele que bota esse poltrão

E só ele vai tirar tão porca gente
O Brasil está podre atualmente
E a politica é quem causa a podridão




As TVs não ajudam no processo
Pois estão por detrás das safadezas
Apoiando calhordas espertezas
E assim esses parvos tem sucesso
Eleitor vota até em réu confesso
Quanto mais em quem faz encenação
Quem promete o céu e a salvação
Eleitor é uma anta burra e crente
O Brasil está podre atualmente
E a politica é quem causa a podridão

sexta-feira, 22 de março de 2013

UM COMOVENTE POEMA DE PINTO DE MONTEIRO



PORQUE DEIXEI DE CANTAR



Recebi mais de um poema
Fazendo interrogação
Por que eu da profissão
Mudei de rumo e sistema
Resolverei um problema
De não poder tolerar
Muita gente a perguntar
Ansiosa pra saber
Em verso vou responder
Por que deixei de cantar.







Deixei porque a idade
já está muito avançada
A lembrança está cansada
O som menos da metade
Perdi a facilidade
Que em moço possuía
Acabou-se a energia
Da máquina de fazer verso
Hoje eu vivo submerso
Num mar de melancolia.






Minha amiga e companheira
Eu embrulhei de molambo
Pego nela por um bambo
Para tirar-lhe a poeira
Hoje não tem mais quem queira
Ir num canto me escutar
Fazer verso e gaguejar
Topar no meio e no fim
Canto feio, pouco e ruim
Será melhor não cantar.






Não foi por uma pensão
Que o governo me deu
Por que o eu do meu eu
Não me dá mais produção
Cantor sem inspiração
Tem vontade e nada faz
Eu hoje sou um dos tais
Que ninguém quer assistir
Nem o povo quer ouvir
Nem eu também posso mais.





Ando gemendo e chorando
E vendo a hora cair
O povo de mim fugir
E a canalha mangando
E eu tremendo e tombando
Sem maleta e sem sacola
Hoje estou nesta bitola
Por não ter outro recurso
Carrego a bengala a pulso
Não posso andar com a viola.





Com a matéria abatida
Eu de muito longe venho
Com este espinhoso lenho
Tombando na minha vida
Tenho a lembrança esquecida
Uma rouquice ruim
A vida quase no fim
A cabeça meio tonta
Quem for moço tome conta
Cantar não é mais pra mim.





Já pelo peso de oitenta
E uma das primaveras
Dezesseis lustros, oito eras,
E a carga me atormenta
O corpo não se sustenta
Quando anda cambaleia
Cantador de cara feia
Se eu for lhe assistir
Por isso deixei de ir
Para cantoria alheia.






Estes oitenta e um graus
Que acabei de subir
Foi só para distinguir
Quais são os bons e os maus
Por cima de pedra e paus
Tive atos de bravura
Hoje só tenho amargura
Tormento dor e cansaço
Passando de passo a passo
Por cima da sepultura.




Existe uma corriola
De sujeito vagabundo
Que anda solta no mundo
Pelintra e muito gabola
Compra logo uma viola
Da frente toda enfeitada
Só canta coisa emprestada
Mentir, fazer propaganda
Dizendo por onde anda
Que topa toda parada.





E ver em certos meios
Gente cantando iê-iê-iê
Arranjar dois LP
Tudo com versos alheios
Estou de saco cheio
De não poder tolerar
A muita gente escutar
Dizer viva e bater palma
Isso me doeu na alma
Faz eu deixar de cantar.




Fiz viagem de avião
A pé, a burro, a cavalo
De navio, outras que falo
De automóvel e caminhão
Cantando em rico salão
Muito moço, gordo e forte
Passei rampa, curva e corte
Para findar num retiro
E dar o último suspiro
Na emboscada da morte.




Corrente, fivela, argola,
Picinez, óculos, anel,
Livro, revista, papel,
Arame, bordão, viola,
Mala, maleta, sacola,
Perfume, lenço, troféu,
Roupa, sapato, chapéu,
Eu não posso conduzir
Quando for para eu subir
Na santa escada do céu.




Nunca pensei num tesouro
Que estava pra mim guardado
Quando fui condecorado
Com uma viola de ouro
O riso tornou-se um choro
O armazém em bodega
A cara cheia de prega

Ando tombando e tremendo
E as matutas dizendo:
Menino o velho te pega.




Não posso atender pedido
Que a mim fez muita gente
Porque estou velho e doente
Fraco, cansado, abatido,
De mais a mais esquecido
Sem som, sem mentalidade,
Ficou somente a vontade
Mordendo como formiga
Nunca mais vou em cantiga
Pra não morrer de saudade.




Vaquejada, apartação,
Futebol e carnaval,
Véspera de ano e Natal
De São Pedro e São João
Dança, novela e leilão
E farra em botequim
Passear em um jardim

De braço com a querida
Neste restinho de vida
Não chega mais para mim.




Por não poder mais beber
Com meus colegas de arte
Das festas não fazer parte
Perdi da vida o prazer
Estou vivendo sem viver
Na maior fragilidade
Pelo peso da idade
Prazer pra mim não existe
Vou viver num canto triste
Até a finalidade.