Os leões disfarçados de cordeiros Estão soltos de novo na arena. - OS NONATOS
Em três meses o cerco se completa
Para o povo o poder espreme a massa
Candidatos parecem cães de caça
Rebanhando a pobreza analfabeta
Quando a falta de escrúpulo atinge a meta
A vergonha começa a quarentena
Da pobreza e do rico eu tenho pena
Quando crê no que cria os marqueteiros.
Os leões disfarçados de cordeiros
Estão soltos de novo na arena.
Muito em breve o mancomuno estará vindo
Mas ninguém se anime por enquanto,
Que em política é normal o diabo ser santo
E quem é bom prometendo é ruim cumprindo.
Até fim de Setembro é tudo lindo,
A saúde é exemplo, a lei é plena,
Mão de gato em Brasília não depena
O erário de tantos brasileiros.
Os leões disfarçados de cordeiros
Estão soltos de novo na arena.
Todo ano político as mesmas caras
Vêm fazer o replay das mesmas juras.
Nos conchavos fechados as escuras.
Doações que nem sempre são às claras.
Quem não vende uma empresa empenha um haras
E põe no fogo a fortuna que armazena.
Vai pra selva política ser hiena,
Como os outros abutres carniceiros
Os leões disfarçados de cordeiros
Estão soltos de novo na arena.
Tem políticos corruptos e corretos
Procurando elencados os seus recursos
Um palanque que escute seus discursos
Uma sigla que aposte em seus projetos
São longínquos as rotas, os trajetos,
Quando um cresce no Ibope, o outro engrena
E os vaqueiros do voto fazem cena
Visitando os currais eleitoreiros
Os leões disfarçados de cordeiros
Estão soltos de novo na arena.
Do político é o mérito da vitória,
O mandato das siglas coligadas.
Mas na farra das verbas desviadas
Somos nós que cansamos dessa história
Brasileiro é um povo sem memória
Escutando bobagem se aliena.
Com seu próprio direito se condena
Quando elege gatunos mensaleiros.
Os leões disfarçados de cordeiros
Estão soltos de novo na arena.
No nordeste eleitor morre na praia
Magalhães na Bahia são a lei,
Maranhão dos Tavares, dos Sarney,
Rio Grande dos Alves e dos Maia
Ceará dos Bezerra, dos Cambraia,
Paraíba dos Braga e de Lucena,
Com Sergipe dos Franco e tem Helena
De Alagoas dos Lessa e dos Calheiros,
Os leões disfarçados de cordeiros
Estão soltos de novo na arena.
Desde agora já da pra gente ver
Demagogo de toda qualidade
Pefelista pregando honestidade
Um peemedebista sem comer
Um petista chorando no poder
Tal e qual a Maria Madalena.
Um tucano assistindo até novena
E se infiltrando no meio dos romeiros
Os leões disfarçados de cordeiros
Estão soltos de novo na arena.
O Brasil financia os empossados
Que dos cargos que tem tiram proveitos
Presidente e o vice são eleitos
E os governos de vinte e sete estados.
São quinhentos e treze deputados,
Senadores são quase uma centena,
Desses todos no máximo uma dezena
De um currículo e de papo são herdeiros.
Os leões disfarçados de cordeiros
Estão soltos de novo na arena.
Em campanha se vê em todo canto
O retrato do Judas que nos trai
Um tapinha nas costas, como vai?
Diga os votos que tem que eu pago tanto.
Os políticos sorrindo, o povo em pranto,
Todo ano é a mesma cantilena
E pra ser feito até ponte de safena
Eles cobram propina aos empreiteiros
Os leões disfarçados de cordeiros
Estão soltos de novo na arena.
Eleição é sinônimo de disputa
Marqueteiro sagaz, doador mala,
Candidato sabido enquanto fala
Eleitor inocente enquanto escuta.recursos
Uma carta de crédito pra conduta,
De quem frente aos rivais não se apequena.
Que em pesquisa fraudada desordena
E bota os últimos nas vagas dos primeiros.
Os leões disfarçados de cordeiros
Estão soltos de novo na arena.
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