quarta-feira, 4 de julho de 2012

Dois poetas e um céu estrelado...

Na mesma linha da resposta ao poeta Augusto dos Anjos em Versos Íntimos, o Padre Poeta, Brás Costa, ouve o verso do poeta Olavo Bilac, Ouvir Estrelas:

Ouvir Estrelas


"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda noite, enquanto

A Via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir o sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!

Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizes, quando não estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!

Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas".

E diz:


Contemplação


Caro Bilac o teu verso

Ajudou-me a refletir
E ensinou-me a ouvir
As filhas do universo.

Quando as vejo reluzir

Fico por horas disperso
Vendo nelas refletir
O que calado converso.

As estrelas reticentes

São as minhas confidentes
Iguais as tuas estrelas.

As minhas são mais singelas

Tu conversavas com elas
Já eu me contento em vê-las.

Ô mundo grande, esse dos poetas!

Nenhum comentário:

Postar um comentário