segunda-feira, 30 de julho de 2012
.Furiba certa vez terminou uma estrofe dizendo: "Deixe pra mim que só tenho/ Dezoito anos de idade". Pinto cansado das pabulagens de Furiba faz essa sextilha:
Isso aí não é verdade
Você quer ser inocente
Tem vinte anos que canta
Quinze que bebe aguardente
Trinta que engana o povo
Quarenta e cinco que mente
.Numa cantoria Furiba provoca: " Pinto velho do Monteiro/ Além de doido está cego". O gênio não deixa por menos e responde:
Ainda lhe vejo cego
Sem ganhar nenhum vintém
Pedindo esmola num beco
Onde não passe ninguém
Se passar, seja outro cego
Pedindo esmola também
.Pinto cantando sobre o exôdo rural do Nordeste fez essa bela sextilha:
Os homens do meu Nordeste
Estão desaparecidos
Nas estradas de São Paulo
Os caminhões entupidos
Conduzindo os enganados
Trazendo os arrependidos
.Cantando com Louro Branco, o gênero da cantoria chamado mourão a desafio. Pinto começa:
No mourão a tira-couro
Vou mata-lo no cacete
Louro responde:
Entro no bico do Pinto
Vou sair no "tamburete"
Pinto da o tiro de misericórdia:
Mas a coisa é diferente
Você entra como gente
Vai sair como tolete
Cantando com Furiba, este tinha acabado de chegar do Rio de Janeiro, e improvisa algo elogiando o povo carioca. Pinto com a sinceridade perturbadora de sempre, improvisa:
O que eu vi na guanabra
Foi "nêgo" descendo morro
Desastre no meio da rua
Gente no pronto-socorro
Ladrão batendo carteira
Mulher puxando cachorro
Cantando com Otacílio Batista, este improvisa uma sextilha enfatisando a boca banguela de Pinto, ao que Pinto responde que ao chegar na velhice o mesmo iria acontecer com ele, Otacílio então termina uma estrofe dizendo: "Quando chegar esse tempo/ O senhor já tem morrido", Pinto despeja esse improviso por cima de Otacílio:
Mas meu espírito envolvido
Muito além da sepultura
Irá vagar pelo mundo
Somente a tua procura
Até que um dia te veja
Cantando sem dentadura
Por fim uma estrofe do trabalho escrito por Pinto, chamado: Porque deixei de cantar
Com a matéria abatida
Eu de muito longe venho
Com este espinhoso lenho
Tombando na minha vida
Tenho a lembrança esquecida
Uma rouquice ruim
A vida quase no fim
A cabeça meio tonta
Quem for novo tome conta
Cantar não é mais pra mim
or:Monique D'Angelo
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