quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

A LENDA DO CURUPIRA EM CORDEL

Autor: Arievaldo Viana – Desenhos: Jô Oliveira

 
1 - A poesia é um dom
Que a musa divina inspira
É a pepita que ofusca
O cascalho da mentira
Peço ajuda ao universo
Para narrar, no meu verso,
A lenda do Curupira.

 
2 - Tem os cabelos vermelhos
Dentes de rara beleza
Verdes como a esmeralda
Luz de vagalume acesa
Não gosta de caçador
É o gênio protetor
Das coisas da Natureza.


3 - Diz a lenda que um índio
Um dia, por distração,
Adormeceu na floresta
E acordou de supetão
Na sua frente sorria
O Curupira e queria
Comer o seu coração.


4 - O caçador já matara
Ali alguns animais
Então concebeu um plano
Astucioso e sagaz
Um coração lhe arranjou
O Curupira provou
E sorriu, pedindo mais.


5 - Um coração de macaco
O caçador lhe entregou
O Curupira comeu
O coração e gostou,
O caçador respondeu:
- Agora me dê o seu;
Que o meu você devorou...


6 - O Curupira inocente
Agiu com todo respeito
Pediu a faca do índio
E cravou no próprio peito
Depois ficou estirado
E o caçador assombrado
Saiu depressa, sem jeito.


7 - Por muito tempo o tal índio
Não queria mais caçar
Por mais que os seus amigos
Viessem lhe convidar
Ele inventava desculpa
No peito trazia a culpa
Medo, tristeza e pesar.


8 - A filha do caçador
Pediu a ele um colar
O índio, pai devotado,
Resolveu ir procurar
Os dentes do Curupira
Brilhantes como safira
Para a filhinha enfeitar.

 
9 - Achou o crânio do gênio
E ali mesmo procurou
Bater com ele na pedra
Mas logo que o tocou
De uma maneira funesta
O espírito da floresta
Depressa ressuscitou.

 
10 - O Curupira entendeu
Que ele fosse o responsável
Por sua ressurreição
E de modo muito amável
Deu-lhe um arco pra caçada
E uma flecha encantada
De valor inestimável.
(...)


Blog de louro-branco :Louro Branco Repentista, Louro Branco: uma grande tragetória de vida!!!
Louro Branco é um mestre do improviso e humorista nato
 
 


O CASAMENTO DOS VELHOS

Tem certas coisas no mundo
Que eu morro e num acredito
Mas essa eu conto de certo
Dum casamento bonito
De um viúvo e uma viúva
Bodoquinha Papaúva
E Tributino Sibito              

O véio de oitenta ano
Virado num estopô
A véia setenta e nove
Maluca por um amor
Os dois atrás de esquentar
Começaram a namorar
Porque um doido ajeitou
Um dia o véio comprou
Um corpete pra bodoquinha
Quando a véia foi vestir
Nem deu certo, coitadinha
De raiva quase se lasca
Que o corpete tinha as casca
Mas os miolo num tinha

No dia três de abril
Vêi o tocador Zé Bento
Mataram trinta preá
Selaram oitenta jumento
Tributino e Bodoquinha
Sairam de manhazinha
Pra cuidar do casamento
O veião saiu vexado
Foi se arranchar na cidade
Mandaram chamar depressa
Naquela oportunidade
O veião chegou de choto
Inda deu catorze arroto
Que quase embebeda o padre

O padre ai perguntô:
Seu Tributino, o que pensa,
Quer receber Bodoquinha
Sua esposa, pela crença?
O veião dixe: eu aceito
Tô tão vexado dum jeito
Chega tô sem paciência 
         
E preguntô a Bodoquinha:
Se aceitar esclareça
A véia lhe arrespondeu
Dando um jeitim na cabeça
Aceito de coração
Tô cum tanta precisão
Tô doida que já anoiteça
Casaram, foram pra casa
Comeram de fazer medo
Conversaram duas horas
Uns assuntos duns segredo
E Bodoquinha dixe: agora,
Meu pessoá, vão embora
Que eu quero drumi mais cedo

O véi vestiu um pijama
Ficou vê uma raposa
A véia de camisola
Dixe: óia aqui sua esposa
Cuma é, vai ou num vai?
O veião dixe: ai, ai, ai
Já tá me dando umas coisa
A véia dixe me arroche
Cuma se novo nóis fosse
O véio dixe: ê minha véia
Acabou-se o que era doce
A véia dixe: é assim?
Então se vai dar certim
Que aqui também apagou-se
Inda tomaram uns remédio
Mas num deu jeito ao enguiço
De noite a véia dizia:
Mas meu véi, que diabo é isso?
Vamo vendê essa cama
Nóis sempre demo na lama
Ninguém precisa mais disso

A véia dixe: isso é triste
Mas esse assunto eu esbarro
Eu já bati o motor
Meu véi estrompou o carro
Ê, meu veião Tributino
Nóis dois só tem um menino
Se a gente fizer de barro.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Depois que a seca termina. POETA GISLÂNDIO ARAÚJO




Com um poema que presta
Dedé encantou a nós
E Vinícius logo após
Poetizou "Fim de Festa."
Isabelly, foi modesta
E a Missa quis terminar
E Dudu ao recitar
Depois que a aula termina
Deixou aberta a cortina
Para "FIM DE SECA'' entrar.

Tem um cururu cantando
No açude quase arrombado
E um moleque grudado
No lamaceiro brincando.
Buracos vão se formando
Parecendo uma piscina
Que o sereno e a neblina
Escavacaram no chão
É mais bonito o sertão,
Depois que a seca termina.

Uma formiga carrega
O filho que vai nascer
Vai Com medo de morrer
Nessa chuva que lhes pega.
O dono fecha a bodega
Situada numa esquina
Matuto a cabeça inclina
E agradece ao criador
Que tudo tem mais valor
Depois que a seca termina.

Na noite relampeada
Danam-se a contar história
Dizendo que a vitória
Vem do céu e da inchada.
Cada um, de madrugada
Levanta na sua sina
Vendo a boneca menina
Crescer no meio do milho
Vai pra roça pai e filho
Depois que a seca termina.

Tem batata, tem feijão
Para não fazer vergonha
Tem canjica, tem pamonha
Carne de gado e pirão.
Tem melancia e melão
Tapioca e margarina
Tudo isso é coisa fina
Que sertanejo consome
Para matar sua fome
Depois que a seca termina.

E Fica a mãe natureza
Bem feliz por ajudar
O sertanejo a lucrar
A sua maior riqueza.
A vida ganha beleza
E vira uma grande mina
De alegria nordestina
Exportada para o povo
Pois tudo fica mais novo
Depois que a seca termina.

Terminando a estiagem
Nossa vida fica bela
A borboleta amarela
Colore a paisagem.
Temos uma nova imagem
Sob a proteção divina
Que a terra pequenina
Com a chuva se engrandece
E o povo inteiro agradece
Depois que a seca termina

sábado, 23 de fevereiro de 2013


21 fevereiro, 2013

Quem tem mulher ciumenta Tem o cão pra lhe atentar


Texto dos improvisos da mesa de glosas de Tabira 2007



GENILDO PITU:

quem tem mulher pela rua
hora nenhuma sossega
que até dentro da budega
sua volta é muito crua
ela sai lá pela rua
somente pra procurar
e eu doido pra me livrar
daquela bicha nojenta
quem tem mulher ciumenta
tem o cão pra lhe atentar

CLÉCIO RIMAS:

Mulher ciumenta é o cão
eu mesmo já tive uma
parece o cão que fuma
traga igualmente  um dragão
já passei situação
que nao quero mais passar
dá medo só de pensar
pois isso ninguém aguenta
quem tem mulher ciumenta
tem o cão pra lhe atentar

ADERBAL:

SE saio não acha bom
quando chego me pergunta
com a cara de defunta 
elevando o alto tom
busca na blusa baton
quando a roupa vai lavar
vasculha o meu celular
queima mais do que pimenta
quem tem mulher ciumenta
tem o cão pra lhe atentar

GENILDO SANTANA

Mulher ciumenta é desgraça 
que chega sem eu nem pedir
vocÊ não pode sair 
de casa pra ir à praça
é pior que cão de caça 
no terreiro a farejar
e dessa pra se casar
Genildo aqui num aguenta!
quem tem mulher ciumenta
tem o cão pra lhe atentar

FELIPE AMARAL

disso eu não estou alheio
do começo até o fim
não gosto de mulher ruim
pois só me causa aperreio
lhe boto na língua um freio
que é pra não atanazar
pois quando pega a brigar
RESPINGA fogo da venta
quem tem mulher ciumenta
tem o cão pra lhe atentar

SEBASTIÃO

eu que queria uma imagem 
pra minha lua de mel
topei uma cascavel
foi essa a pior viagem
largar, não tenho coragem,
matar, eu não vou matar
é o jeito suportar 
minha cobra peçonhenta
quem tem mulher ciumenta
tem o cão pra lhe atentar

George Alves 

NÃO sai de casa sozinha
respeitando seu partido
mas tem raiva se o marido
só chega de manhãzinha
e se ele olhar pra vizinha
mesmo sem querer olhar
ela pega a ciumar
nem o satanás lhe aguenta
quem tem mulher ciumenta
tem o cão pra lhe atentar

OSVANILDO

eu não ando mais sozinho 
que a mulher vai atrás
já perdi a minha paz
não tenho mais seu carinho
e quando ela faz beicinho
se prepara pra chorar
só foi boa no altar
hoje só o diabo aguenta
quem tem mulher ciumenta
tem o cão pra lhe atentar

ALBINO

minha mulher em outrora
teve ciume de mim 
e quase que chega ao fim
de ser a minha senhora
chegou me mandar embora
eu consegui lhe aclamar
depois ela foi pensar:
-"isso é o povo que inventa"
quem tem mulher ciumenta
tem o cão pra lhe atentar

JOSIVALDO

são quebrados todos elos
se a mulher tiver ciúme 
do cheiro do meu perfume
doslabios que são belos
não andamos paralelos
como o saara e o mar
como a igreja e o bar
quando um esfria outro esquenta
quem tem mulher ciumenta
tem o cão pra lhe atentar

GONGA MONTEIRO

Toda mulher sente pressa
que o marido chegue cedo
porque ela sente medo
de ser traída na peça
a minha quando começa
não deixa eu lhe explicar
aí começa a brigar
e nem o satanás lhe aguenta
quem tem mulher ciumenta
tem o cão pra lhe atentar

ESTROFE DE SEBASTI�O DIAS 
 
Depois que o dia amanhece
O nascente acendo o facho
O vento empurra o coqueiro
Que chega balan�a o cacho
E a �gua conta uma hist�ria
Nos ouvidos do riacho.  
Servi�o
23/02/2013 | 00:00

Dama de branco

Yoani Sánchez deu tapa de luva nos militóides, um deles com faca em punho, na livraria Cultura, em São Paulo: “As ditaduras não devem ser avaliadas por serem de direita ou esquerda, mas por serem ditaduras.”

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

NO MUNDO DA POESIA
SÓ PODE SER POR RAZÃO
O MUNDO SE ESVAZIA
QUANDO PERDE UM CORAÇÃO
JosmaRibeiro

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

FLOR DE FIM
Como saber?
            Se a tristeza é breve
            se a alegria é forte
            se a paz é leve.
            Se a fé rebrota
             no inverno gris.
            Se teus dedos
            na madrugada
            fazem meu fim.
            Como saber?
            Entender tua cor.
            Como saber?
            Se já não sou.
            Como não ser?
            Se nós somos flor...


Soneto da fiel infância


Tudo que em mim foi natural — pobreza,
Mágoas de infância só, casa vazia,
Lutos, e pouco pão na pouca mesa —
Dói na saudade mais que então doía.

Da lamparina do meu qarto, acesa
No pequeno oratório noite e dia,
Vinha-me a sensação de uma riqueza
Que no meu sangue de menino ardia.

Altas horas, rezando no seu canto,
Minha mãe muitas vezes soluçava
E dava-me a beijar não sei que santo.

Meu Deus! Mais do que o santo que eu beijava,
Faz-me falta o cair daquele pranto
Com que ela junto ao peito me molhava.